Os dias na Rua Gabino Barreda é um quadro do artista mexicano Gunther Gerzso. Pintado quando Gerzso iniciou sua amizade com um grupo de pintores surrealistas refugiados na capital mexicana, Os das na Rua Gabino Barreda é como um documento dos novos rumos que essa vanguarda tomaria fora da Europa. O quadro retrata ao menos 2 figuras que se tornariam grande nomes das artes no México e também no mundo: Remedios Varo e Leonora Carrington.
Quando o pintor e cenarista Gunther Gerzso retornou ao sua terra natal, o México, em 1931, talvez ele não imaginasse que dentro de uma década um grande numero de outros artistas fariam o mesmo, mas na condição de estrangeiros exilados. A crise de 1929 havia afetado diretamente os negócios de seu tio, o marchand de arte Hans Wendland, que se viu obrigado a enviar o sobrinho de volta ao México.
Com o inicio da Segunda Guerra, o México abriu as portas para dezenas de artistas, pintores e intelectuais, os quais encontraram em solo mexicano um pais onde pudesse reconstruir suas vidas e dar prosseguimento em suas carreiras. Em “Os Dias na Rua Gabino Barreda” vemos exatamente um pequeno grupo de refugiados que se tornaram amigos de Gerzso. No primeiro plano, vemos a pintora e escultura Leonora Carrington com seu cabelo revolto característico e a pintora espanhola Remédios Varo, rodeada de gatos.
Ambas viviam na mesma rua, Gabino Barreda, e a casa de Remédios Varo e do poeta Benjamin Péret (ao fundo, atrás de Remédios) se tornou um ponto de encontro de outros artista expatriados que se reuniam para partilhar refeições, conversar e dar continuidade a explorações artísticas típicas do surrealismo como os Cadáveres Esquisitos. Segundo Whitney Chadwick, o pintor Esteban Francés também está retratado no quadro.
Os dias na rua Gabino Barreda: um retrato do surrealismo no exílio
O ar descontraído, a atmosfera de glamour que uma meia dúzia de artistas convivendo e debatendo não deve, no entanto, dissimular as tristes condições em que essas pessoas viviam. A casa de Remédios e Péret estava infestada de ratos e em péssimas condições quando o casal se mudou para ali. E assim ela permaneceu por muito tempo, uma vez os dois chegaram ao México com praticamente a roupa do corpo e demorariam anos até conseguirem se estabelecer profissional e financeiramente. Situação essa que era compartilhada, em maior ou menor medida, por outros exilados de guerra não apenas na cidade do México mas também nos Estados Unidos.
Gunther Gerzso viveria muitos anos após a execução de Os Dias na Rua Gabino Barreda e desenvolveria um estilo completamente diferente desse que aqui vemos. Gerzso passaria a explorar formas geométricas e/ou abstratas e paletas frias e neutras em obras como Mau-Olhado (1957), O Nascimento dos Pássaros (1944) e Paisagem (1957) e muitas outras. Em entrevista já nos anos 1990, Gerzso afirmou sua arte ainda era a expressão de conteúdos emocionais e que mesmo depois de tanto tempo ainda se considerava um surrealista.
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