O Manuscrito da UNB trata-se de um Livro das Aves (MS. 02 OBR/BCE/UNB) composto por um conjunto de nove folhas soltas de um manuscrito português da obra Aviarium, escrito por Hugo de Folieto. Datando do século XVI, o Livro das Aves faz parte da Biblioteca Central da Universidade de Brasília desde 1964.
O Livro das Aves, também chamado de Aviarium, é um livro medieval que contém informações diversas sobre aves em geral bem como interpretações morais e espirituais cristãs de tais informações. O Aviarium é uma derivação de um livro mais amplo, chamado Bestiário, cujos objetivos são em essência os mesmos porém têm os animais, no geral, como seu principal assunto. Similarmente, há por exemplo os lapidários gênero com as mesmas estruturas e funções dos bestiários e livros das aves porém dedicados à pedras. Sabe-se que o primeiro Aviarium foi separado e ganhou autonomia no século XII pelas mãos de Hugo de Folieto.
O manuscrito da UnB
Em 1925, Pedro de Azevedo, paleógrafo português confirmou após exame do manuscrito que se trata de uma cópia autêntica feita no século XIV. O manuscrito (em latim) do qual a cópia de Brasília se originou, encontra-se atualmente no mosteiro de São Benedito de Lorvão. Pelo menos mais outros dois Aviarium portugueses chegaram até os dias de hoje: o do mosteiro de Santa Cruz em Coimbra e o de Santa Maria de Alcobaça.
Há pelo menos 3 edições do Livro das Aves, uma portuguesa e duas brasileiras. Em comparação com o manuscrito do qual se originou, o de Brasília possui um grande número de digressões, ou seja, de acréscimos de passagens feitos pelo monge que, assim, não apenas copiou o texto mas o modificou, o editou. O texto do Livro das Aves de Brasília possui dessa maneira características próprias. A parte (também chamada de tratado) do Livro das Aves dedicada ao par de açores bem como a iluminura do profeta Ezequiel que consta na última folha não possuem paralelo em qualquer outro manuscrito.
Sobre sua procedência, sabe-se que ele pertenceu à biblioteca de Jorge Faria. Este, por sua vez, teria adquirido o manuscrito em algum ano após a extinção das ordens religiosas em Portugal ocorrida no ano de 1834. Em 1925, o Livro das Aves foi emprestado à Biblioteca Nacional de Lisboa. Posteriormente, ele foi vendido ao professor Serafim da Silva Neto pelos filhos de Jorge Faria.
Em 1964, ele foi comprado pela UnB juntamente com outros dois códices da viúva do professor Serafim da Silva Neto. Com o Aviarium foi adquirido um manuscrito de um Flos Sanctorum ou Santuário Divino (não iluminado) e um de Diálogos de São Gregório que possui uma única iluminura, a de um monge na capa.
No ano seguinte, O Livro das Aves ganhou uma edição em português feita por Jacira Mota, Rosa Virginia Matos, Vera Sampaio e Nilton Rossi, coordenada pelo Instituto do Livro e Ministério da Educação e Cultura. Há ainda uma cópia do Livro das Aves, fac-símile no Rio de Janeiro.
O Livro das aves foi escrito em língua portuguesa arcaica, em uma escrita de tipo gótico e encontra-se em bom estado de conservação. Seu texto está distribuído em duas colunas. Possui iluminuras, sem ouro, de todas as aves citadas nas páginas. Os pássaros do qual o manuscrito trata são: o açor (falcão), o par de açores, a rola, a ema, a andorinha, a cegonha, o noitibó, o pavão (o único completo) e a águia. Além dessas, o Livro das Aves de Brasília ainda possui uma iluminura maior, final, que retrata o profeta Ezequiel ladeado pelos atributos dos evangelistas.
Bibliografia
MEDEIROS, Juliana Santos Dinoá. Representação do pavão no Livro das Aves de Brasília. Trabalho de conclusão de curso. Universidade de Brasília. Brasília. 2018. Aqui
OLIVEIRA, Maria Madalena da Silva de. O lexical e o simbólico no Livro das Aves. Dissertação de Mestrado. Universidade de Brasília. Brasília. 2005.
RIBEIRO, Maria Eurydice de Barros. O Livro das Aves. Manuscrito Português (século XIV). Encontro internacional dos Estudos Medievais – ABREM. pp. 259 – 264. Aqui
RIBEIRO, Maria Eurydice de Barros. O Livro das Aves. Fragmento de um manuscrito desaparecido. I Seminário Brasileiro sobre o Livro e História Editorial. Rio de Janeiro. 2004 Aqui
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