Leonora na Luz da Manhã de Max Ernst

Leonora na Luz da Manhã é um retrato de Leonora Carrington pintado por Max Ernst foi feito em 1940, ano em que Max e Leonora seriam obrigados a se separarem. A separação pôs fim à vida romântica do casal, mas não aos sentimentos que nutriam um pelo outro. Leonora Carrington manteve a posse do presente por toda a sua vida, apesar dos não poucos momentos de dificuldades financeiras que passou.1 

Quadro Leonora na Luz da Manhã de Max Ernst
Leonora na Luz da Manhã, 1940. Fonte: Sotheby’s

Segundo nota da casa de leilão Sotheby’s, o quadro foi pintado entre os meses de janeiro e maio de 1940. Apenas alguns meses antes, Max Ernst havia sido preso e permaneceu em custódia por semanas. Com a eclosão da Segunda Guerra Mundial, sua condição de cidadão alemão em território francês o fazia um inimigo em potencial. Seus anos de moradia na França e suas atividades artísticas ligadas ao movimento surrealista – abertamente antifascista – pouco o ajudaram a se livrar de ser um alvo de suspeitas.

No início de 1940, Max Ernst fora libertado do seu aprisionamento e voltado para a casa em Saint-Martin-d’Ardeche. Ali, o pintor alemão morava desde o ano anterior com a também pintora Leonora Carrington. Max estava com cerca de 40 anos e havia deixado sua esposa em Paris para fugir com Leonora, então com 20 anos. Leonora também tinha abandonado a casa de seus pais na Inglaterra e partido para a Europa continental com companheiro. 

Aqui vemos Leonora Carrington retratada com sua cabeleira castanha característica em meio a uma vegetação abundante. Seu traje é feito das mesmas ervas e plantas que a cercam dando a impressão de que ela própria nasce ou surge daquele ambiente. Sua expressão serena contrasta com a força e movimento das mãos que agarram (ou seguram) caules próximos.

Leonora na Luz da Manhã , o retrato de um relacionamento

Ao lado da figura de Leonora, o observador pode notar um cavalo de cor cobre, ou marrom, também imerso no jardim onírico. O cavalo era o símbolo que Leonora havia escolhido para representar a si mesma. Desde a infância, Leonora nutria uma conexão única com esses animais e os retratou em diversos de seus quadros como seu famoso Autorretrato (Na Hospedaria do Cavalo Alvorada) e A Refeição do Senhor Castiçal.

Leonora Carrington e Max Ernst em Saint Martin-d’Ardeche. Fonte: Finestresullarte

Leonora na Luz da Manhã foi feito, com dito, no ano em que Max Ernst foi preso. Ainda em 1940, o artista seria libertado e detido mais uma vez. O quadro foi pintado no intervalo entre as duas detenções. Sem o companheiro, isolada em uma pequena cidade do interior de um país estrangeiro às vésperas da invasão nazista, a jovem Leonora Carrington viu sua condição psicológica deteriorar dia a dia.

Com a ajuda de amigos, Leonora Carrington decidiu empreender uma fuga da França até a Espanha, onde acabou sendo internada em um hospital psiquiátrico na cidade de Santander. Carrington, anos mais tarde, contaria sua experiência dentro do sanatório em seu conto e quadro Lá Embaixo.

O casal de artistas só se reuniria meses depois, em Lisboa, quando ambos se cruzaram por acaso, enquanto aguardavam por vistos para partir para os Estados Unidos. Ambos chegaram a conviver uma vez em terras americanas. Inclusive a trabalhar juntos em um quadro da artista chamado Verão. Leonora, no entanto, decidiu partir para o México, pondo um fim à colaboração e relação entre os dois.

O quadro foi um presente de Max para Leonora e permaneceu com a artista. Em leilão da casa Sotheby’s Leonora na Luz da Manhã foi arrematado por um pouco menos de 8 milhões de dólares.2 

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Referencias

  1. MOORHEAD, Joanna. Leonora Carrington: una vida surrealista. Tradução Vidal, Laura. Madrid:Turner, 2017. p. 147 ↩︎
  2. Nota sobre o quadro no site da Sotheby’s. Aqui ↩︎
Data: 1940
Origem: Saint-Martin d'Ardèche, França
Autor: Max Ernst
Dimensão: 66 x 82,3 cm
Material: Óleo sobre tela
Localização Atual: Coleção particular

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