Óscar Manuel Domínguez foi um pintor e ilustrador espanhol nascido em 1906. A maior parte de sua carreira transcorreu em Paris, França, a partir da década de 1930. Óscar Dominguez compôs o grupo surrealista e trabalhou em proximidade com muitos de seus membros como André Breton e Benjamin Breton.
Seu estilo de pintura, desenvolvido dentro de técnicas caras ao surrealismo como a retratação de sonhos e desejos, tem influências também do cubismo.
Óscar Dominguez também contribuiu com desenhos e ilustrações para uma série de publicações, como as da editora La Main à Plume, além de trabalhar com a resistência antinazista durante a Segunda Guerra Mundial. Óscar Dominguez faleceu aos 51 anos de maneira trágica em 1957.
Óscar Manuel Dominguez Palazon nasceu em 3 de janeiro de 1906 em Tenerife, nas ilhas Canárias. Seu pai era um grande proprietário de terras da região de Tacoronte. Antes do início da Guerra Civil Espanhola, Oscar Dominguez era um artista ativo na Espanha e seu trabalho era exposto em instituições como o Círculo de Bellas Artes e o Ateneo Santa Cruz.
Quando o conflito estourou, Óscar Dominguez participou ativamente, por um determinado tempo, das atividades do partido republicano.1 Com a ascensão de Franco ao poder, o pintor iria, assim como muitos espanhóis ligados às artes e produção cultural, se fixar em Paris.
A partir de 1926, o pintor passa a viajar com frequência para Paris e se estabelece definitivamente na capital francesa em 1936. Apesar de viver no estrangeiro, Dominguez contribuía com a publicação canária Gaceta de Artes. Na década de 1930, o artista ainda compôs as capas de Romanticismo y cuenta nueva (1933) de Emeterio Albelo, Crimen (1934) de Agustín Espinosa e Willi Baumeinster (1934) de Eduardo Westerdahl. Em 1933, entre 4 e 15 de maio, o grupo Gaceta organizou a primeira exposição individual de Oscar Dominguez nas salas do Círculo de Bellas Artes de Tenerife.2
Graças aos esforços de Dominguez, houve também uma exposição do grupo surrealista na ilha de Tenerife em 1935. Benjamin Péret, André Breton e Jacqueline Lamba viajaram para lá naquele ano e ali promoveram o movimento.3
Oscar Dominguez, artista surrealista
Pesquisador sobre a vida e arte de Oscar Domingues, e autor de uma tese sobre o artista, Isidoro Gutierrez nos dá conta da personalidade de Oscar: “extrovertida, impetuosa e irascível”.4 Para além disso, a presença constante de dragões em diversos quadros e desenhos, fez com que André Breton, líder do movimento surrealista, desse a Oscar Dominguez o apelido de Dragonnier des Canaries, ou seja, Sangue de Dragão das Canárias.
Sangue de Dragão é como é conhecida a árvore Dracaena draco e acredita-se que seu nome popular seja uma referência ao dragão que guardava os pomos de ouro do Jardim das Hespérides.5
Oscar Dominguez foi um membro ativo do grupo surrealista e colaborou em um sem numero de atividades, notadamente a produção de ilustração para capas para várias publicações surrealistas. Entre elas pode-se citar, por exemplo, aquelas feitas para a editora GLM dos livros La Hampe de l’Imaginaire de Georges Hugnet (1936), Trajectoire du rêve de André Breton (1938) e as Obras Completas de Lautréamont (1938).6 Oscar Dominguez também deu sua contribuição com desenhos para a famosa Antologia do Humor Negro, na qual o célebre conto de Leonora Carrington, A Debutante, apareceu.7

Oscar Dominguez compartilhava o forte anti-clericalismo de muitos de seus amigos e companheiros surrealistas como Péret. Em artigo, Jean-Michel Goutier recorda de uma contribuição de Dominguez para a exposição Surrealismo, organizada por Magritte entre 1945-1946. O evento ocorreu em Bruxelas, na galeria Édition La Boétie. Entre uma série de slogans incendiários, havia o de Domínguez: “Desejo a morte a mais de 30.000 padres a cada três minutos”.8
Comentando o estilo do colega, Georges Hugnet, em texto produzido para uma exposição na Galerie Roux-Hentschel de Paris em 1945, escreveu: “[Oscar] interpreta a realidade com tenacidade que se pode dizer dele, mas do que de qualquer outro, que pinta como sonha (…) encontramos a todo momento a preocupação de construir um mundo novo, de pegar o que é para extrair o que deveria ser, o que será (…) Mescla realidade e ficção do consciente e inconsciente, de artesanato e automatismo”.9
Para além do surrealismo, Óscar Dominguez manteve contato com artistas de outras frentes e estilos. Dentre eles, se destaca sua amizade – e admiração – com o pintor espanhol Pablo Picasso. Sobre ele, Oscar Dominguez escreveu em carta de 27 de abril de 1949, ao seu amigo Eduardo Westerdahl:
“Minha posição frente a Picasso? Cem por cento com Picasso que é esse gênio da idade atômica e um querido amigo“.10
Oscar Dominguez e o caso Victor Brauner
Um dos episódios mais conhecidos envolvendo o grupo surrealista é, sem dúvida, o acidente no qual o pintor romeno Victor Brauner perdeu um olho. De maneira resumida, em 1938, Victor Brauner passou uma noite bebendo junto com Oscar Dominguez e outros dois artistas: Remedios Varo e Esteban Francés. Em algum momento da noite, conforme nos dá conta Janet Kaplan, Domínguez fez comentários depreciativos à artista Remedios Varo por ser “oficialmente” a companheira do poeta Benjamin Péret, mas manter, à época, abertamente um caso com Francés. Francés e Dominguez acabaram se atracando e Victor Brauner, na tentativa de apartar a briga, levou uma garrafada no olho e o perdeu.11
O incidente não teria tido tamanha repercussão – dentro e fora do mundo das artes – se Victor Brauner não tivesse pintado um autorretrato com um dos olhos vazado cerca de 10 anos antes do ocorrido. De fato, o pintor havia na verdade, feito uma série de quadros que foram então interpretados como premonições desse trauma.
Esse acontecimento com Victor Brauner é amplamente conhecido e reportado em praticamente todo material sobre sua vida e obra. Já a situação em si e aqueles envolvidos nele, não o são. Janet Kaplan, autora da maior biografia feita sobre Remedios Varo até o momento é a única a trazer detalhes e os nomes de Óscar Domínguez, Esteban Francés e da própria Remedios Varo. Na bibliografia de artigos e livros consultados para esse artigo sobre Óscar Dominguez não foram encontradas referências ou menções do pintor canário e de seu papel na fatalidade.
O que de fato aparece em alguns artigos é a caracterização de Dominguez como alguém, por vezes, errático. André Thirion, por exemplo, afirma que na oficina de Oscar “se bebia muito e as piadas eram brutais”.12 Já o fotógrafo e escultor Brassai dá conta de uma anedota que exemplifica as situações de risco em que Oscar Dominguez se envolvia:
“… seu humor negro e pode também fazer com que haja de maneira violenta e oculta um demônio, e ninguém está segundo quando, com a colaboração do álcool, ele se enfurece… Eu vi Dominguez brandir uma navalha […] ou um revólver, criando pânico e fazendo o seu redor se esvaziar“.13
Segunda Guerra Mundial: Dominguez na Clandestinidade
A Editora La Main à Plume, para qual Oscar Dominguez trabalhou por anos, esteve em contato intimo com membros da Resistência durante os anos de ocupação nazista. A editora também recebia ajuda econômica de apoiadores anti fascistas como Pablo Picasso. Membros do seu grupo também se dedicaram à falsificação de obras de arte as quais eram vendidas com vistas a fazer frente aos difíceis anos de guerra.14
O próprio Picasso e Giorgio de Chirico estavam entre os artistas cujas obras mais foram falsificadas as quais, conforme nos dá conta Gutierrez, eram muitas vezes vendidas aos próprio nazistas:
“Assim, eles [os alemães] eram enganados duas vezes: primeiro enganando-os com relação a autoria, e segundo, usando o dinheiro que lhes cobravam com fins que eram contra eles.”15
Dos anos de guerra e ocupação, o escritor e amigo de Oscar Dominguez César González-Ruano conta que um coronel alemão abordou o pintor espanhol e quis fazer a encomenda de uma obra. Se tratava de um retrato de sua esposa. Dominguez respondeu que o que ele fazia não iria agradar ao coronel. O alemão teria ficado espantado pois conhecia a reputação do artista. Oscar Dominguez então confessa que produz a chamada “arte degenerada”. O militar por fim “ficou encantado e responde com entusiasmo: ‘Isso, isso! Isso é o que eu quero ter” e pelo trabalho pagou dez mil francos.16
Em 1943 são publicadas duas obras que Oscar Dominguez ilustrou de maneira particular. Le grand ordinaire de André Thirión e Le feu au cul de Georges Hugnet. Ambos os livros trazem ilustrações eróticas de Dominguez relacionadas intimamente à Segunda Guerra Mundial ainda em curso naquele ano. O tom burlesco dos desenhos de Le grand ordinaire, segundo Isidoro Gutierrez,
“tem como objetivo caluniar a todo um sistema político e militar através de sua [do Le grand ordinaire] figura insigne: o chefe militar, o ditador“.17
O autor ainda aproxima a obra a outras similares, também produzidas no mesmo contexto como Sonho e Mentira de Franco, de Pablo Picasso. Outro artista a satirizar e ridicularizar governantes foi André Masson que, na mesma época, fez o seu “Franco na hora de tomar chá”.18
Oscar Dominguez e André Thirion, quando da publicação de Le Grand Ordinaire, tiveram o cuidado de mudar a data da edição para 1934 e escapar assim à censura que ocorria durante a Ocupação. As ilustrações de Dominguez satirizam figuras como Mariscal Pétain chefe responsável pela região francesa de Vichy e exercia uma repressão violenta em nome da “moralidade, da família e da ordem”.19
Testemunho da atividade clandestina, no contexto da ocupação nazista, de Dominguez nos é dado por uma nota, uma dedicatória, de Laurence Iché em um exemplar de seu Au fil du vent: “à Oscar Dominguez nossa caixa de correio ambulante e aerodinâmica de Tacoronte”.20
Já na década de 1950, Oscar Dominguez colaborou com ilustrações para o livro Un poème dans chaque livre de Paul Éluard. Segundo Patrick Waldberg a morte de Éluard foi um duro golpe para Dominguez e deixou “um vazio que o tempo não podia cobrir”.
A edição de Un poème dans chaque livre em homenagem a Paul Éluard reuniu textos de várias de suas coletânea com desenhos de uma serie de artistas mais ou menos ligados ao movimento surrealista: Jean Arp, André Beaudin, Georges Braque, Marc Chagall, Max Ernst, Alberto Giacometti, Valentine Hugo, Henri Laurens, Fernand Léger, André Masson, Joan Miró, Pablo Picasso, Yves Tanguy, e Jacques Villon.21

Oscar Dominguez: morte e legado
A artista Maud Westerdahl, que foi uma das pessoas mais próximas de Oscar Dominguez, em sua declaração sobre o pintor e sua obra resume de maneira sucinta e sensível a vida de Dominguez: “Espanhol, canario, surrealista, pintor, poeta, habilidoso e grande dançarino de tango, Dominguez se destaca pelo tamanho colossal e imaginação de menino em uma época em que o intelectualismo gira em voltas e gira.
Sua pintura evolui a saltos, seu espírito funciona por associação de ideias, suas grandes mãos sabem consertar molas minúsculas de um relógio ou forjar estátuas de ferros grandes e rabiscar em guardanapos de papel poemas dificilmente decifráveis, onde os temas de sua infância, de sua ilha e de toda a sua obra afloram aos borbotões.”22
Para além do abuso do álcool, Oscar Dominguez também sofria de acromegalia. Ambos os males, para além da guerra e deslocamentos que passou, afetaram sua saúde física e mental. Na noite de 31 de dezembro de 1957, o pintor cometeu suicídio – enquanto seus amigos o esperavam entre eles Man Ray, Patrick Walberg, Felix Labisse e Max Ernst23 – junto com a viscondessa de Noailles o esperavam para uma festa de ano novo.24 Dominguez tinha 51 anos.
Em 1947, o pintor publicou Los dos que se cruzan (Os dois que se cruzam), que seria seu único livro de poemas. A obra foi publicado na coleção A Idade do Ouro das edições Fontaine.25
Pouco conhecido no Brasil, Oscar Dominguez teve ao menos uma obra sua exposta em terras tupiniquins. O quadro O Buraco da Fechadura fez parte da exposição Surrealismo e Arte Fantástica ocorrida em São Paulo e 1965. Na ocasião, a pintura foi exposta ao lado de outros trabalhos de artistas como Leonora Carrington, Paul Devaux, René Magritte, Salvador Dali, Giorgio de Chirico, a própria Remedios Varo e muitos outros. Segundo o catálogo do evento, o quadro faz parte da coleção de Yolanda Penteado.
Muitos de seus quadros se encontram no TEA – Tenerife Espacio de las Artes. Suas pinturas também estão presentes em leilões de casas tradicionais como Sotheby’s e Christie’s.
Artigos Relacionados
Bibliografia sobre Oscar Dominguez
GUTIÉRREZ, Isidro Hernández. Óscar Domínguez y El Libro: la imagem poética surrealista a través de su obra. Tesis Doctoral. Universidad de la Laguna Departamento de Filología Española. 2016. Disponível aqui.
GUTIÉRREZ, Isidro Hernández. Óscar Domínguez: una existencia de papel. Tenerife Espacio de las Artes. 2012. Disponível aqui.
KAPLAN, Janet. Unexpected Journeys: the art and life of Remedios Varo. Abbeville Press. New York. 1994.
ROMERO, Carlos Parra. Arte y Teoria en los Discursos plásticos de Max Ernst, Yves Tanguy y Óscar Domínguez. El Pájaro de Benín 5 (2019), págs. 148-179. ISSN 2530-9536.p. 165.
Referência
- DUROZOI, Gérard. Le grand ordinaire – Elogio de un Complicidad. In: GUTIÉRREZ, Isidro Hernández. Óscar Domínguez: una existencia de papel. Tenerife Espacio de las Artes. pp. 289-322. 2012. p. 318. ↩︎
- GUTIÉRREZ, Isidoro Hernández. En los márgenes interartisticos del dibujo. Óscar Domínguez: una existencia de papel. Tenerife Espacio de las Artes. pp. 13-96. 2012. p. 17. ↩︎
- GUTIÉRREZ, Isidoro Hernández. En los márgenes interartisticos del dibujo. Óscar Domínguez: una existencia de papel. Tenerife Espacio de las Artes. pp. 13-96. 2012. p. 45 ↩︎
- GUTIÉRREZ, Isidoro Hernández. En los márgenes interartisticos del dibujo. Óscar Domínguez: una existencia de papel. Tenerife Espacio de las Artes. pp. 13-96. 2012. p. 28. ↩︎
- GUTIÉRREZ, Isidoro Hernández. En los márgenes interartisticos del dibujo. Óscar Domínguez: una existencia de papel. Tenerife Espacio de las Artes. pp. 13-96. 2012. p. 28. ↩︎
- GUTIÉRREZ, Isidoro Hernández. En los márgenes interartisticos del dibujo. Óscar Domínguez: una existencia de papel. Tenerife Espacio de las Artes. pp. 13-96. 2012. p. 30. ↩︎
- GUTIÉRREZ, Isidro Hernández. Óscar Domínguez y El Libro: la imagem poética surrealista a través de su obra. Tesis Doctoral. Universidad de la Laguna Departamento de Filología Española. p. 206. ↩︎
- GOUTIER, Jean-Michel. Cabalgata de objetos fantasmas, libros-objetos reales e imaginários. In: GUTIÉRREZ, Isidro Hernández. Óscar Domínguez: una existencia de papel. Tenerife Espacio de las Artes. pp. 117-136. 2012. p. 129. ↩︎
- GIRÁLDEZ, José Ignacio Abeijón. Óscar Domínguez y Georges Hugnet – La hampe de l’imaginaire y le feu au cul. In: GUTIÉRREZ, Isidro Hernández. Óscar Domínguez: una existencia de papel. Tenerife Espacio de las Artes. pp. 247-288. 2012. p. 256. ↩︎
- GUTIÉRREZ, Isidro Hernández. Óscar Domínguez y El Libro: la imagem poética surrealista a través de su obra. Tesis Doctoral. Universidad de la Laguna Departamento de Filología Española. p. 112-113. ↩︎
- KAPLAN, Janet. Unexpected Journeys: the art and life of Remedios Varo. Abbeville Press. New York. 1994. p. 67. ↩︎
- GUTIÉRREZ, Isidro Hernández. Óscar Domínguez y El Libro: la imagem poética surrealista a través de su obra. Tesis Doctoral. Universidad de la Laguna Departamento de Filología Española. p. 292. ↩︎
- GUTIÉRREZ, Isidro Hernández. Óscar Domínguez y El Libro: la imagem poética surrealista a través de su obra. Tesis Doctoral. Universidad de la Laguna Departamento de Filología Española. p. 297. ↩︎
- GUTIÉRREZ, Isidro Hernández. Óscar Domínguez y El Libro: la imagem poética surrealista a través de su obra. Tesis Doctoral. Universidad de la Laguna Departamento de Filología Española. p. 203. ↩︎
- GUTIÉRREZ, Isidro Hernández. Óscar Domínguez y El Libro: la imagem poética surrealista a través de su obra. Tesis Doctoral. Universidad de la Laguna Departamento de Filología Española. p. 203. ↩︎
- GUTIÉRREZ, Isidro Hernández. Óscar Domínguez y El Libro: la imagem poética surrealista a través de su obra. Tesis Doctoral. Universidad de la Laguna Departamento de Filología Española. p. 261. ↩︎
- GUTIÉRREZ, Isidoro Hernández. En los márgenes interartisticos del dibujo. Óscar Domínguez: una existencia de papel. Tenerife Espacio de las Artes. pp. 13-96. 2012. p. 61. ↩︎
- GUTIÉRREZ, Isidro Hernández. Óscar Domínguez y El Libro: la imagem poética surrealista a través de su obra. Tesis Doctoral. Universidad de la Laguna Departamento de Filología Española. p. 223. ↩︎
- GUTIÉRREZ, Isidro Hernández. Óscar Domínguez y El Libro: la imagem poética surrealista a través de su obra. Tesis Doctoral. Universidad de la Laguna Departamento de Filología Española. p. 224. ↩︎
- GUTIÉRREZ, Isidro Hernández. Óscar Domínguez y El Libro: la imagem poética surrealista a través de su obra. Tesis Doctoral. Universidad de la Laguna Departamento de Filología Española. p. 64. ↩︎
- GUTIÉRREZ, Isidro Hernández. Óscar Domínguez y El Libro: la imagem poética surrealista a través de su obra. Tesis Doctoral. Universidad de la Laguna Departamento de Filología Española. p. 234. ↩︎
- GUTIÉRREZ, Isidro Hernández. Óscar Domínguez y El Libro: la imagem poética surrealista a través de su obra. Tesis Doctoral. Universidad de la Laguna Departamento de Filología Española. p. 101. ↩︎
- ROMERO, Carlos Parra. Arte y Teoria en los Discursos plásticos de Max Ernst, Yves Tanguy y Óscar Domínguez. El Pájaro de Benín 5 (2019), págs. 148-179. ISSN 2530-9536.p. 165. ↩︎
- GUTIÉRREZ, Isidro Hernández. Óscar Domínguez y El Libro: la imagem poética surrealista a través de su obra. Tesis Doctoral. Universidad de la Laguna Departamento de Filología Española. p. 209. ↩︎
- GUTIÉRREZ, Isidro Hernández. Óscar Domínguez y El Libro: la imagem poética surrealista a través de su obra. Tesis Doctoral. Universidad de la Laguna Departamento de Filología Española. p. 248. ↩︎