Quem foi René Magritte?
René Magritte foi um pintor, artista publicitário e escritor e belga nascido em 1898. Ele é considerado como um dos maiores artistas do século XX e um dos componentes do grupo surrealista de maior sucesso. A maioria de seus quadros ilustram paradoxos, contradições e comparações mais ou menos inesperadas que, no alto da carreira do artista, cativaram e surpreenderam público e crítica.
Sua obra mais famosa, Isso não é um cachimbo, é o maior exemplo do estilo magrittiano fortemente filosófico e único, que continua a influenciar pintores, artistas visuais e profissionais da propaganda até os dias de hoje.
Infância e Juventude
René Magritte iniciou seus estudos em artes aos 12 anos de idade, com um professor particular na cidade de Châtelet onde morava. Filho de Leopold Magritte (grande comerciante) e Régina Bertichamps (modista), René morou em diferentes cidades durante seus primeiros anos. Aos sete anos, René Magritte era um estudante exemplar, conseguindo ter um desempenho muito acima da média na maior parte das disciplinas, com exceção dos estudos religiosos.1 Sua vida mudaria após o trágico suicídio de sua mãe.
O até então bom aluno sentiu profundamente a tragédia familiar. Suas notas despencaram por ao menos dois anos, sendo apenas a de desenho a se manter alta.2 A ausência materna fez com que o jovem René, então com 15 anos, fosse morar com a avó e uma governanta em Charleroi. É ali que ele conheceu aquela que seria sua futura esposa, Georgette Marie, em um carrossel.

Em 1914, o artista e sua família são obrigados a voltar para Chatelet com a invasão da Bélgica pela Alemanha. Já no ano seguinte, ele se muda para Bruxelas.3Em 1916, Magritte começa a estudar na prestigiosa Académie des Beaux-Arts em Bruxelas. A guerra só terminaria em 1918. Nesse período, apesar de oficialmente ser um estudante, Magritte não parecia ser o mais dedicado da classe. Em entrevista de 1962, ele recorda a época na capital:
“durante a guerra de 1914-18, eu me matriculei na Academia de Bruxelas. Eu fiquei lá por dois anos. Eu morava sozinho na época, num internato muito livre e fácil e raramente frequentava as aulas.“4
Início da carreira: dadaísmo, surrealismo
Bem estabelecido, o pai de Magritte sustentou de maneira confortável os filhos durante toda a Primeira Guerra Mundial. Em 1919, Magritte passou a dividir um apartamento com o pintor Pierre Louis Flouquet, além de se tornar amigo dos irmãos Bourgeois, Victor e Pierre. Os quatro companheiros foram intimamente relacionados à vanguarda artística belga dos anos 20 e formariam juntos o grupo surrealista na Bélgica.
Sarah Whitfield nos dá conta que Magritte e Fouquet eram próximos e que costumavam terminar gravuras e desenhos um do outro.5 Magritte e Fouquet continuariam amigos até 1927, porém, seguiram caminhos opostos a partir de então. Magritte se envolveria cada vez mais com as vanguardas, especialmente o surrealismo, enquanto Fouquet tomaria o caminho oposto, se dedicando à arte figurativa e fundado, em 1931, o Journal de Poètes, de inspiração católica.6
Com Pierre Bourgeois, René Magritte manteria uma relação proxima e duradoura. Ainda jovens, os colegas viajaram , em outubro de 1920, para o congresso de arte moderna organizado pelo pintor Jozef Peeters e o arquiteto Huibrecht Hoste na Antuerpia. Peeter e Hoste haviam fundado o Modern Kunst em 1918, movimento ligado ao abstracionismo.7 Magritte não se impressionou com o que viu na ocasião, e escreveu para Fouquet: “Eles todos podem ir e se encher com o congresso deles […] Deus todo poderoso, eu ficaria envergonhado de ir para lá por tão pouco e ter gastado 50 francos os quais poderiam ter sido usados para comprar um pouco de tinta boa.”8
Magritte e Bourgeois então aproveitaram a oportunidade foram apreciar a obra do pintor realista e socialista Eugène Laermans. Magritte parece ficar mais tocado do que com a exposição e algum tempo depois escreveu novamente à Fouquet dizendo que se iniciaria uma pintura muito inspirada pelo estilo de Laermans.9
Os primeiros contatos de Magritte com o dadaísmo ocorreram por intermédio de seu amigo e artista Edouard Léon Théodore Mesens, que se mudou para Paris em 1921. Além de travar contato direto com os próprios vanguardistas franceses, Mesens também enviava catálogos, fotos e demais materiais para os colegas na Bélgica e foi fundamental para a difusão do dadaísmo naquelas partes.9
Nessa época, Magritte e Mesens foram fortemente influenciados pelo movimento futurista, tendo René inclusive produzido uma série de obras nos moldes desse estilo. Ambos os artistas, porém, abandonaram tal influência com a crescente aproximação do futurismo com o fascismo na Itália.10 Mesens foi também responsável por apresentar a obra do italiano Giorgio de Chirico a Magritte. Mesens e Magritte continuaram a colaborar por anos: um como galerista (e alguns anos depois, marchand) e o outro como pintor. Fazia parte dessa comunidade o poeta Nougé, Louis Scutenaire, Lecomte entre outros.
Em 1921, Magritte deu início oficialmente a sua carreira de “amor e ódio”, segundo Patricia Allmer11, com a publicidade. Nessa ocasião, o artista trabalhou para o fabricante de papel de parede Peters-Lacroix. 1921 também foi o ano em que Magritte cumpriu seu serviço militar. Nesse ano, ele se dedicou aos trabalhos publicitários e comerciais com o intuito de garantir alguma estabilidade financeira para si e sua esposa. Ele deixaria a empresa em 1923 para no ano seguinte se dedicar a produção esporádica de posters publicitários.
Magritte casou-se com Georgette em 1922. Ela seria sua companheira por toda vida e sua principal modelo. Como qualquer outro, o casamento dos Magritte, teve alto e baixos e aventa-se inclusive a existência de casos extraconjugais tidos por ambas as partes.12
Politicamente, René Magritte era anti-fascista. Sua filiação ao partido comunista, em 1932, 1936 e 1945, no entanto, mostra que seu engajamento político não era necessariamente partidário. Surrealistas tanto na França quanto na Bélgica nunca se alinharam em definitivo com as concepções de arte promovidas pelo comunismo, qual seja, uma arte realista e proletária. A ascensão de Stalin ao poder e sua guinada autoritária também foram cruciais para o afastamento de membros do grupos surrealista da militância comunista.13
Sua fala em uma palestra de 1938 é emblemática e sumariza sua própria posição de outros artistas:
“O aspecto subversivo do Surrealismo obviamente preocupou os políticos tradicionais dos trabalhadores, os quais são, as vezes, indistinguíveis dos defensores vigorosos do mundo burguês. […] No entanto, um político que se considere um revolucionário e que deva assim olhar para o futuro, precisa se opor a concepção de arte burguesa, porque ela consiste em um culto unicamente devotado as obras do passado e ao desejo de impedir o progresso da arte.”14
Com a eclosão da Segunda Guerra, Magritte passou a fazer posters para o Comitê de Vigilância dos Artistas Antifascistas, para o Partido Comunista e o sindicado dos trabalhos têxteis da Bélgica. Muitos de seus posters para os comunistas, no entanto, eram rejeitados. E a fala anterior de Magritte pode nos ajudar a entender tal rejeição. Com o tempo, o artista se afastou do grupo. Em suas próprias palavras: “Não houve uma expulsão ou ruptura, mas do meu lado uma completa alienação, uma distância definitiva“.15
O estilo de René Magritte e o cachimbo que não é um cachimbo
O quadro com o qual Magritte se lançou na carreira artística foi “A Janela ” de 1925. Com forte influência de Giorgio di Chirico, A Janela já possui elementos que se tornaram marca registrada de Magritte, como o contraste entre objetos similares porém de dimensões opostas e a oposição entre o que se passa dentro do cômodo e daquilo que acontece ao ar livre. No entanto, apenas um ano mais tarde, é que se veria seu primeiro quadro considerado realmente surrealista: O Jockey Perdido.
Em 1927, ocorre a primeira grande exposição solo de Magritte, coordenada por seu empresário P-G. Van Hecke e organizada na Galerie Le Centaure, em Bruxelas. Segundo Todd Alden, Magritte reforça a aura de mistério em torno de seus quadros ao dar-lhes título “poéticos” em vez de explicativos. Muitos dos títulos de seus quadros se originaram de encontros de Magritte com poetas do círculo surrealista.
Assim, havia uma tendência maior em se expressar uma afinidade poética no momento de se nomear determinado quadro do que necessariamente explicar aquilo que estivesse representado ali. Assim, seus títulos “expandem o horizonte de significado e mistificam o observador”.16 Ainda sobre os títulos que o pintor dava às suas obras, Alan Bigeli nos explica:
“Nas obras de Magritte, o uso das palavras ultrapassa o limite dos títulos na medida em que o artista as utiliza como pintura. Essa mistura aparece com intuito de provocar as sensações de quem observa suas obras e de questionar a realidade como é dada.”17
Em 1927, Magritte se mudou para Paris com sua esposa, Georgette. Mais tarde seu irmão, Paul, se juntou ao casal. Ali, eles foram apresentados aos membros do surrealismo por Camille Goemans que havia se mudado para a capital francesa com o intuito de abrir uma galeria. Patricia Allmer nos dá conta que o período foi de grande produtividade para Magritte tendo o pintor pintado cerca de uma centena de quadros apenas em 1928.18
A pesquisadora destaca que a proximidade de Magritte com os surrealistas não se traduziu em uma verdadeira inclusão do belga nas publicações e exposições do grupo. A principal forma de divulgação e venda de seus quadros foi a galeria de Goemans.
Em 1928, o pai de Magritte faleceu, vítima de um derrame, o que comprometeu sua condição financeira. O início da crise de 1929 e o fechamento da galeria do amigo Goemans pioraram uma situação já complicada. Allmer narra que apesar dos pesares, em fins de 1929, a posição de Magritte dentro do grupo surrealista parecia estar se solidificando. Ele e a esposa haviam passado as férias em Cadaqués com Salvador Dali e a famosa proposição de Magritte, sobre a relação (ou não relação) entre as palavras e coisas, havia saído no último exemplar da Revolução Surrealista (15 de dezembro de 1929).
Porém, no dia anterior à publicação, durante um jantar do grupo ao qual Georgette compareceu, Breton teria exigido que a jovem retirasse o pingente de cruz que carregava no pescoço. Breton era um famoso anticatólico e mantinha com rédeas curtas a liderança do grupo surrealista. Georgette Magritte se negou a remover a joia e preferiu se retirar do evento. Seu esposo a acompanhou.19 No contexto de crise econômica e saudades da Bélgica por parte da esposa, o casal retornou à terra natal no ano seguinte.
É durante sua estadia em Paris, entre 1927 e 1930, que René Magritte iniciou o que talvez seja sua série de quadros mais famosa. Combinando imagens e palavras, René contrapõe pequenas representações de objetos com seus respectivos nomes ou palavras completamente diferentes logo abaixo delas. Tal jogo de confirmação e frustração de expectativas teve início com o quadro A interpretação dos Sonhos, de 1927. Um dos componentes dessa série é o que talvez seja o quadro mais famoso de Magritte – ou pelo menos seu quadro mais reproduzido, copiado e parodiado – Isso não é um cachimbo.
O quadro condensa o estilo e a filosofia magrittiana. Conforme o próprio artista diria “Há pouca conexão entre um objeto e o que ele representa“20 e também “Aquele que olha representa o quadro. Suas ideias e seus sentimentos representam o quadro”21. Todd Alden completa que com o quadro “Magritte ataca concepções platônicas de que a imagem de um cachimbo seja igual à essência do cachimbo”.
Ele então ataca nosso hábito de dizer ‘Isso é um cachimbo’ quando vemos a imagem do cachimbo, explicitando assim a relação arbitrária entre o objeto (nesse caso, o cachimbo) e o que o representa (a palavra cachimbo ou a pintura de um cachimbo)”22. Alan Bigeli, no mesmo artigo nos explica:
“A realidade sempre se apresentava, segundo Magritte, de maneira problemática e o seu intuito era construir, por meio dos quadros, resoluções para esses problemas, propondo relações entre os objetos que tentavam sanar essas questões que a banalidade das coisas poderia esconder.”23
René Magritte: a ruptura com o surrealismo e a Segunda Guerra
Independente das razões que levaram ao rompimento com Breton e seu grupo, Magritte sofreu com esse distanciamentos. Por algum tempo, em 1929, o artista passou por um bloqueio criativo e foi incapaz de pintar.24 De volta, Magritte abre uma pequena empresa de publicidade nos fundos de sua residência, chamada Studio Dongo.25 Ali, ele trabalhou juntamente com seus irmãos Paul e Raymond em uma série de posters e campanhas. Nessa época, também trabalhava (expondo, fazendo trabalhos de design) com o casal Van Hecke e Norine, cuja galeria Le Centaure, foi um meio de promoção e fonte de renda para Magritte e seus colegas belgas.26
A inimizade com os surrealistas parisienses teria vida curta, pois em 1933, Magritte é chamado a contribuir com duas telas, entre elas No Limear da Liberdade, para a exposição surrealista na Galerie Pierre Cole. Tal ocasião, bem como outras contribuições, marcam como Magritte manteve laços com o grupo mesmo que a distância. Em 1936, ocorreu sua primeira exibição solo, com 22 telas, na famosa galeria de Lucien Levy em Nova Iorque. Em 1938, Magritte passa uma longa temporada em Londres, na companhia de um dos maiores colecionadores de suas obras, e amigo, Edward F. W. James. É ali que ele pinta outro de seus quadros mais icônicos: Tempo Trespassado.
René Magritte e o Surrealismo em Plena Luz Solar
Nos anos da Segunda Guerra Mundial, René Magritte desenvolveu um estilo diferente daquele no qual vinha trabalhando. De modo que, entre 1943 e 1947, suas telas são categorizadas como “Impressionistas”. Patricia Allmer defende que Magritte explorou, nesse período, seu interesse por Renoir e sua técnica.27 Carregado de romantismo, com cores brilhantes e vivas, Magritte denominou seu novo estilo de “surrealismo no sol” e produziu cerca de 70 óleos e 50 guaches.

Em carta para Pol Bury, artista belga, René revela um pouco de sua expectativa e motivação nesse novo momento: “Desde o começo dessa guerra, eu tenho um forte desejo de atingir uma nova efetividade poética, que nos traga charme e prazer, eu deixo para outros a empreitada de causar ansiedade e terror“28. Parece que as obras desse período fizeram menos sucesso entre os compradores de arte, uma vez que um dos agentes do pintor, Alexander Iolas, o teria desencorajado.
1943 viu o aparecimento da primeira monografia dedicada exclusivamente a Magritte. Escrita pelo também artista e fotógrafo Mariën, ela contava com uma série de reproduções em cores das obras de Magritte. Mariën, nascido na Antuérpia em 1920, havia tido o primeiro contato com a obra do seu conterrâneo em fins da década de 1930 e viajou para a capital belga com o intuito de conhecer Magritte.
Daí se iniciou uma amizade e também uma relação entre artista e crítico de arte que iria até a morte de Magritte. A publicação de 1943, produzida em plena guerra, foi de difícil conclusão principalmente pela falta de recursos. Décadas depois, Marien confessou em sua autobiografia que Magritte conseguira o dinheiro para a empreitada forjando falsificações de obras de Picasso, Chirico, Braque, Klee, Titan e Max Ernst.29Patricia Allmer afirma que a suspeita de falsificação recaiu sobre o próprio Mariën algumas vezes, o que nos deve levar a tomar as afirmações do fotógrafo com algum ceticismo.
Período Vaca
Sua relação ambivalente com o grupo surrealista parisiense, bem como sua mudança para a Bélgica natal, são fatos que explicam em grande medida, a ausência por anos de uma exposição solo de Magritte na capital francesa. Falta essa que se torna ainda mais flagrante se lembrarmos que naquela época o pintor já desfrutava de uma reputação estabelecida tanto nos Estados Unidos quanto na Inglaterra.
Apenas em 1948 o evento se daria, por uma curta temporada, de 11 de Maio a 5 de Junho, em uma galeria menor, Galerie du Faubourg. Allmer utiliza termos como “desapontamento e humilhação”30 para descrever os sentimentos de René Magritte em face desse reconhecimento atrasado e mal dado. Não se sabe exatamente se tais questões influenciaram a escolha de Magritte de produzir uma série de obras inéditas especificamente para essa exposição de Paris.
Essa produção, que consiste em algumas dezenas de quadros, se diferenciam em cor e estilo de tudo o que o artista havia feito até então. Chamado de período Vache, os quadros trazem uma paleta “alta e selvagem” que faz “ironicamente referência a obra dos Fauvistas” grupo do início do século XX que incluía nomes como Henri Matisse e André Derain. A exposição, não é de se surpreender, não foi bem recebida e Magritte não vendeu uma obra sequer.
Murais
Com o passar dos anos, René Magritte foi se tornando o influente e celebrado artista que é até os dias atuais. Muitos desse movimento aconteceu por meio da admiração que artistas da chamada pop art nutriam pelo belga. Sabe-se que Jasper Johns, Roy Lichtenstein, Robert Rauschenberg e o próprio Andy Warhol possuíam trabalhos de Magritte em suas coleções. Afeição não correspondida uma vez que Magritte teria afirmado, em 1964, seu desprezo pela arte contemporânea, ecoando a opinião de outros surrealistas: “Eu acho que o presente fede a mediocridade e bomba atômica“.31
Entre 1951 e 1961, René Magritte recebeu o encargo de quatro painéis em diferentes instituições e estabelecimentos na Bélgica. Um deles é o padrão de céu e nuvens pintado no teto do Théâtre Royal des Galeries Saint-Hubert em Bruxelas. O outro é uma variação do quadro O território encantado, feito na principal Salle du Lustre (Sala do Lustre) do Casino Communal em Knokke, na costa belga.
Ali Magritte produziu seu Panorama Surrealista, composto de diferentes elementos de seu já mais ou menos consagrado estilo. O terceiro, intitulado A fada que não sabia de nada, encontra-se no centro cultural do Palais des Beaux-arts em Chaleroi. O quarto e último, chamado Barricadas Misteriosas, decora a Salle des Congrès em Bruxelas. Auxiliado por pintores que transpuseram a composição para a parede, Magritte informa o amigo Louis Scutenaire e Irène Hamoir em carta sobre o cansativa processo de supervisão dos trabalhos:
No geral, o trabalho no cassino está 50% satisfatório. Eu encontrei um método: Eu peço o máximo possível dos trabalhadores, mas eu tomo cuidado para não pedir o impossível – Todo esse esforço de pintar em uma escala gigante me deixa aturdido. Eu estou recuperando gradualmente minha elasticidade habitual – talvez quando chegar a hora da visita de vocês eu esteja apto a recebê-los com uma mente mais tranquila.32
A década de 50 viu o estabelecimento de Magritte como um dos maiores artistas do século XX. As exposições organizadas na Lefevre Gallery em 1953 e na Sidney Janis Gallery em Nova Iorque no ano seguinte foram essenciais nesse processo. Em sua terra natal, Magritte também teve obras expostas no Palais des Beaux-Arts de Bruxelas em uma exposição retrospectiva que o consagrou como um dos grandes pintores de seu país.
Legado e influência
A fama e o dinheiro que acumulou, principalmente nas suas últimas décadas de vida, não fizeram do belga um artista mais realizado e satisfeito. Seu amigo Scutenaire chega a confessar que o pintor se encontrava nessa época “mais atormentado do que nunca pela falta de compreensão e má interpretações [de suas obras?]” e que “quanto mais dinheiro e honrarias ele recebe, mais desassossegado ele fica“.33
René Magritte morreu em 15 de agosto de 1967 vítima de um câncer aos 68 anos. Ele está enterrado no cemitério Schaerbeek, em Bruxelas.
Artigos Relacionados
Bibliografia sobre René Magritte
ALLEN, Tood. The Essential Magritte. Two Editions. 1999. ISBN 0-7607-8567-8.
ALLMER, Patricia. René Magritte. London: Reaktion Press. (2019).
BIGELI, Alan. O estranhamento do banal: a poética magritteana sob um olhar psicanalitico. Estudos Interdisciplinares em psicologia. Vol. 9, n. 1, Londrina, jan./abr. 2018. Aqui.
HUCHET, Stéphane. Sábia dislexia. Magritte entre a similitude e a semelhança. Ouvirouver; Uberlândia,v.14, n.2, p.536-546, jul./dez. 2018. Aqui.
Referências
- ALLMER, Patricia. René Magritte. London: Reaktion Press. (2019). p. 15. ↩︎
- ALLMER, Patricia. René Magritte. London: Reaktion Press. (2019). p. 17. ↩︎
- ALLMER, Patricia. René Magritte. London: Reaktion Press. (2019). p. 25. ↩︎
- ALLMER, Patricia. René Magritte. London: Reaktion Press. (2019). p. 25. ↩︎
- WHITFIELD, Sarah. Unpublished letters from René Magritte to Pierre Flouquet: 1920—21. The Burlington Magazine, September 2013, Vol. 155, No. 1326 (September 2013),
pp. 602-605. p. 602. ↩︎ - WHITFIELD, Sarah. Unpublished letters from René Magritte to Pierre Flouquet: 1920—21. The Burlington Magazine, September 2013, Vol. 155, No. 1326 (September 2013),
pp. 602-605. p.605. ↩︎ - WHITFIELD, Sarah. Unpublished letters from René Magritte to Pierre Flouquet: 1920—21. The Burlington Magazine, September 2013, Vol. 155, No. 1326 (September 2013),
pp. 602-605. p.604. ↩︎ - WHITFIELD, Sarah. Unpublished letters from René Magritte to Pierre Flouquet: 1920—21. The Burlington Magazine, September 2013, Vol. 155, No. 1326 (September 2013),
pp. 602-605. p.604/605. ↩︎ - WHITFIELD, Sarah. Unpublished letters from René Magritte to Pierre Flouquet: 1920—21. The Burlington Magazine, September 2013, Vol. 155, No. 1326 (September 2013),pp. 602-605. p.605.
↩︎ - ALLMER, Patricia. René Magritte. London: Reaktion Press. (2019). p. 30. ↩︎
- ALLMER, Patricia. René Magritte. London: Reaktion Press. (2019). p. 31. ↩︎
- ALLMER, Patricia. René Magritte. London: Reaktion Press. (2019). p. 44. ↩︎
- ALLMER, Patricia. René Magritte. London: Reaktion Press. (2019). p. 22. ↩︎
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- ALLEN, Tood. The Essential Magritte. Two Editions. 1999. ISBN 0-7607-8567-8. p. 65. ↩︎
- BIGELI, Alan. O estranhamento do banal: a poética magritteana sob um olhar psicanalitico. Estudos Interdisciplinares em psicologia. Vol. 9, n. 1, Londrina, jan./abr. 2018. Aqui ↩︎
- ALLMER, Patricia. René Magritte. London: Reaktion Press. (2019). p. 84. ↩︎
- ALLMER, Patricia. René Magritte. London: Reaktion Press. (2019). p. 85. ↩︎
- ALLEN, Tood. The Essential Magritte. Two Editions. 1999. p. 64 ↩︎
- HUCHET, Stéphane. Sábia dislexia. Magritte entre a similitude e a semelhança. Ouvirouver; Uberlândia,v.14, n.2, p.536-546, jul./dez. 2018. Aqui. p. 541. ↩︎
- ALLEN, Tood. The Essential Magritte. Two Editions. 1999. p. 64. ↩︎
- BIGELI, Alan. O estranhamento do banal: a poética magritteana sob um olhar psicanalitico. Estudos Interdisciplinares em psicologia. Vol. 9, n. 1, Londrina, jan./abr. 2018. Aqui ↩︎
- ALLMER, Patricia. René Magritte. London: Reaktion Press. (2019). p. 110. ↩︎
- ALLMER, Patricia. René Magritte. London: Reaktion Press. (2019). p. 15. ↩︎
- ALLMER, Patricia. René Magritte. London: Reaktion Press. (2019). p. 47. ↩︎
- ALLMER, Patricia. René Magritte. London: Reaktion Press. (2019). p.118. ↩︎
- ALLEN, Tood. The Essential Magritte. Two Editions. 1999. p. 84. ↩︎
- ALLMER, Patricia. René Magritte. London: Reaktion Press. (2019). p.142. ↩︎
- ALLMER, Patricia. René Magritte. London: Reaktion Press. (2019). p. 158. ↩︎
- ALLEN, Tood. The Essential Magritte. Two Editions. 1999. p. 102. ↩︎
- ALLMER, Patricia. René Magritte. London: Reaktion Press. (2019). p. 133. ↩︎
- ALLEN, Tood. The Essential Magritte. Two Editions. 1999. p. 106. ↩︎