Gauchito Gil é um santo popular argentino. Seu culto não é oficialmente reconhecido pela igreja católica, mas se concentra pelo nordeste argentino, partes do Uruguai e também do sul do Brasil. O dia 8 de janeiro é o dia de Gauchito Gil e costuma atrair para o local onde acredita-se que ele tenha sido morto, na cidade de Mercedes, centenas de fiéis.
Segundo a tradição oral, Gauchito Gil foi um homem do povo que viveu em meados do século XIX. Recrutado para os conflitos travados na época – tanto a Guerra do Paraguai quanto a disputa entre Unitários e Federais na Argentina – Gil desertou por se recusar a lutar contra aqueles que considerava irmãos.
Após isso, junto de mais dois companheiros, acredita-se que ele tenha trabalhado e/ou roubado de viajantes ricos e de poderosos para se sustentar. Seus fiéis sempre destacam relatos de que o santo repartia parte do botim com os mais pobres.
A morte de Gauchito Gil se deu, conforme conta-se, quase que simultaneamente ao seu primeiro milagre. Desde então, o culto à sua figura se expandiu e pode-se encontrar pequenos santuários e capelas dedicados a Gauchito Gil podem ser encontrados, não apenas em Mercedes, mas ao longo de rodovias e estradas da Argentina.
Gauchito Gil: história do santo e seus atributos

Conhecido como o santo “milagroso e gauchito”, Gauchito Gil é um figura cuja real existência ainda é debatida. Acredita-se que seu nome real tenha sido Antonio Mamerto Gil Núnez. Seu culto originou-se a partir do local de sua morte (e suposto enterramento): a cidade de Mercedes, província de Corrientes, no nordeste da Argentina.1
Ali, em meados do século XIX, no contexto do conflito entre unitários e federais na guerra civil argentina, Gauchito Gil desertou e passou a viver de roubos à população local – ou ao menos aqueles considerados ricos – e viajantes. Segundo os relatos orais, Gauchito Gil também costumava compartilhar seu butim com os mais pobres, o que deu início a sua fama de santo.2 O santo popular também se ocupava do trabalho de peão, na lida com o gado e, por isso, é representado portando vestimenta típica da região e também as boleadoras nas mãos, uma arma de origem indígena utilizada na região dos pampas no cuidado com rebanho e também na caça.3
Outro de seus atributos é o lenço vermelho em torno do pescoço e/ou da cintura. A cor também pode ser vista em algumas imagens de Gil em que ele aparece com uma espécie de capa. Segundo seus fiéis, a cor vermelha pode fazer referência às rivalidades entre os partidos dos colorados e dos celestes, que já mencionamos, ou ao sangue de si próprio, derramado durante seu “martírio”.4

Perto do ano de 1875, Gauchito Gil, segundo os relatos, foi recrutado pelo coronel Juan de la Cruz Salazar porém acabou abandonando a luta após um sonho. O sonho é considerado por fiéis como milagroso. Nele, um anjo ou a entidade Ñandeyara (de origem guaraní), lhe diz para parar de derramar o sangue de seus irmãos e desertar.5 Gauchito Gil, que até então conforme conta-se, havia se ocupado não apenas do combate mas do cuidado dos feridos6, abandona o campo de batalha e passa a vaguear pelo interior, ora trabalhando ora roubando.
Como veremos mais adiante, no item O Culto de Gauchito Gil e seus significados, Gauchito Gil é apenas a mais célebre dentre uma série de figuras marginalizadas que passaram a ser cultuadas ao longo da história recente da América Latina. Para Frank Graziano, o culto a Gil não é apenas um fenômeno religioso, mas também político-social: “A típica história de um gaúcho tornado santo é tanto política quanto religiosa.
Uma figura rebelde, com frequência desertor de uma guerra civil, é forçado para as margens da sociedade e sobrevive por meio de sua coragem e criatividade. Ele comete crimes por necessidade, e não por ganância, e ele é apreciado como um benfeitor entre as pessoas empobrecidas que lhe dão abrigo e o ajudam.”7
Acredita-se que Gauchito Gil tinha dois companheiros. Um brasileiro, chamado Francisco Gonçalves e outro Pamiro Pardo, mestiço e original dos pampas que roubava cavalos na região. Os dois homens, para Dominique Rolland, espelham em Gauchito Gil a história do bom e do mau ladrão do evangelho, aproximando a vida – e morte – de Gauchito Gil à paixão de Cristo.8

Algumas narrativas também dão conta de um romance que Antônio Gil teria tido uma romance com Estrella Díaz Miraflores. Segundo essa versão, a morte de Gauchito Gil ocorreu pelo fato de que o comissário de polícia também era apaixonado por Miraflores e teria armado uma emboscada para o rival.9
Entre seus atributos está o da invencibilidade. Segundo a tradição oral em torno do santo, Gauchito Gil era imune a armas de fogo por contar com a proteção sobrenatural de outra entidade religiosa popular, o chamado San La Muerte, mas também por ser protegido de Santa Catalina.10
A morte de Gauchito Gil, seu primeiro milagre e início do culto
Segundo algumas vertentes da tradição oral em torno do santo, Gauchito Gil foi morto pelo exército (ou policia), devido a sua deserção. Primeiro, seus dois companheiros teriam sido assassinados e, na ocasião, o gaúcho conseguiu passar incólume dada a proteção do amuleto de San La Muerte. Capturado e/ou tendo se rendido, ele foi transferido para a cidade de Mercedes. Ali, sua execução não envolveu armas de fogo. Conforme a crença, ele teria sido pendurado pelos pés em uma árvore e degolado.11
Em um dia 8 de janeiro, Gil voltava de uma festa a São Baltazar (celebrada no dia 6) e foi pego por policiais. Estes o levariam para a cidade de Goya para ser julgado, o que nunca ocorreu de fato. Segundo a narrativa, um coronel de nome Velásquez, simpático ao santo, questiona Zalazar sobre a transferência para Goya e lhe arranca a promessa de que libertaria Gil caso Velásquez conseguisse a assinatura de 20 outras autoridades da região.
A empreitada pelas assinaturas se desenrola, como uma corrida contra o relógio, logo após a captura do gaúcho e se efetiva pouco depois de sua execução, ou seja, tarde demais. Esse ramo da história de Gauchito Gil, para além de seu elemento dramático e urgente, destaca o fato dele ter sido morto injustamente, já que foi considerado inocente ou, ao menos, perdoado por seus crimes.12

Amarrado a uma árvore, Gauchito Gil teria oferecido seu próprio canivete para que o policial lhe tirasse a vida. Segundo Frank Graziano tais descrições – a oferta do canivete, a rendição de si mesmo, o amuleto de San La Muerte que teria sido retirado antes da execução – marcam que o “herói mantém a invulnerabilidade e o controle mesmo durante seu ocaso”.13
Já às portas da morte, Gauchito Gil começou a revelar seus poderes de santo, pois declarou ao policial encarregado de matá-lo que seu filho mais novo padecia de uma forte febre naquele mesmo instante. O santo tranquiliza seu algoz e diz que quando o policial voltasse para a casa veria seu caçula moribundo, no entanto, tão logo pedisse a Deus por sua vida em nome de Gauchito Gil, a criança seria curada.
A morte do gaúcho consumada, o policial retornou para casa e ali viu o filho padecendo. Sem demora o homem reza a Deus em nome de Gil e seu pequeno tem a saúde restabelecida. Esse é, segundo o que se acredita, o início do culto à figura do gaúcho.
O homem da lei vai de novo ao lugar da execução de Gauchito Gil, enterra o corpo aos pés da árvore e lhe agradece o milagre concedido. Assim começa então o culto ao gaúcho.
O culto de Gauchito Gil na contemporaneidade e seu significado
No dia 8 de janeiro, o dia celebrado em memória de Guachito Gil, uma multidão de fiéis se dirige a Mercedes, em busca de prestar suas homenagens ao pé da árvore em que ele foi morto. A cidade de Mercedes, localizada ao lado da estrada nacional 123, fica a uma curta distância de um santuário dedicado a Gil, que é basicamente um terreno descampado com esparsas construções ao redor.14
Pequenos altares ao santo podem ser encontrados em diversas localidades, principalmente perto de rodovias. Por causa disso, além de ser considerado atualmente o santo dos despossuídos e santo dos delinquentes, Gauchito Gil também se tornou o santo dos caminhoneiros (ou “santo das estradas”).15
Para Mignona, esses altares marcam lugares de passagem e sua principal função reside em oferecer proteção ao viajante.16 Tanto nesses pequenos oratório quanto no “santuário” a Gauchito Gil é comum que os devotos deixem pequenas oferendas às imagens como vinho e cigarro. Encontra-se também, costumeiramente, elementos da cor vermelha e objetos pessoais de fiéis que os depositam como ex-votos, em agradecimento aos pedidos alcançados.17
Em artigo que analisa o culto a santos populares na América do Sul, Maria Carozzi encontra em trabalhados de Hugo Chumbita (En Jinetes Rebeldes: Historia del Bandolerismo Social em Argentina) e principalmente o livro La Difunta Correa – Temas de Antropologia das autoras Chertudi e Newbery explicações para o surgimento dessas devoções. O que faria um personagem como Gauchito Gil se tornar um santo? Para Chumbita o tema frequente nesses cultos, e também presente no de Gauchito Gil, da transferência de riqueza, o roubo aos ricos para ajudar os pobre, é “uma forma de revanche simbólica dos pobres”.18
Para as autoras, conforme explica Carozzi: “[…] os santos populares aos quais se associam biografias que os colocam [como] foras da lei e fugindo das autoridades atualiza uma matriz cultura considerada comum aos argentinos, e que se caracteriza por uma relação ambivalente com a lei e a ordem. A memória de gaúchos rebeldes, bandidos e montadores rebeldes – milagrosos ou não – viria a encarnar essa relação ambivalente.”19
Conforme artigo de Alexandra Belinky, a pesquisa Primera Encuesta sobre Creencias y Actitudes Religiosas en Argentina, de 2008, estabeleceu que ao menos 44% dos entrevistados manifestaram crer ao menos um pouco em Gauchito Gil. Desses, 14% acreditam muito, enquanto 30% acreditam um pouco.20 Nos mesmos anos 2000, calcula-se que cerca de 250 mil pessoas de diferentes regiões, como o sul da Argentina e países como Paraguai, Uruguai e Brasil, se deslocaram para o santuário de Gauchito Gil no dia do santo.21
Artigos Relacionados
Bibliografia sobre Gauchito Gil
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Referências
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↩︎ - Galera, María Cecilia. Construcciones de memoria e identidad en religiosidades populares: reinvención del pasado y conformación identitaria en los discursos y prácticas religiosas de devotos del Gauchito Gil. VI Jornadas de Sociología de la UNLP. Universidad Nacional de La Plata. Facultad de Humanidades y Ciencias de la Educación. Departamento de Sociología, La Plata, 2010. p. 10. ↩︎
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- GRAZIANO, Frank. Cultures of Devotion: Folk Saints of Spanish America. Oxford University Press, 2006. p. 114. ↩︎
- ROLLAND, Dominique. En Argentine, des saints au bord des chemins: Difunta Correa, Gauchito Gil et San La Muerte. L’autre, Cliniques, Cultures et Sociétés, 2012, Volume 13, Nº 1, pp. 51-50. p. 55. ↩︎
- Barrios, C. (2016). Configuraciones de la nación argentina en la imagen del santo popular Gaucho Antonio Gil, Memoria Y Sociedad, p. 208. ↩︎
- Barrios, C. (2016). Configuraciones de la nación argentina en la imagen del santo popular Gaucho Antonio Gil, Memoria Y Sociedad, p. 208. ↩︎
- ROLLAND, Dominique. En Argentine, des saints au bord des chemins: Difunta Correa, Gauchito Gil et San La Muerte. L’autre, Cliniques, Cultures et Sociétés, 2012, Volume 13, Nº 1, pp. 51-50. p. 54.
↩︎ - Galera, María Cecilia. Construcciones de memoria e identidad en religiosidades populares: reinvención del pasado y conformación identitaria en los discursos y prácticas religiosas de devotos del Gauchito Gil. VI Jornadas de Sociología de la UNLP. Universidad Nacional de La Plata. Facultad de Humanidades y Ciencias de la Educación. Departamento de Sociología, La Plata, 2010. p. 20. ↩︎
- Barrios, C. (2016). Configuraciones de la nación argentina en la imagen del santo popular Gaucho Antonio Gil, Memoria Y Sociedad, p. 217. ↩︎
- Barrios, C. (2016). Configuraciones de la nación argentina en la imagen del santo popular Gaucho Antonio Gil, Memoria Y Sociedad, p. 208. ↩︎
- Barrios, C. (2016). Configuraciones de la nación argentina en la imagen del santo popular Gaucho Antonio Gil, Memoria Y Sociedad, p. 209. ↩︎
- MIGNONA, Daiana. TEMPLOS DE LA CIUDAD MEDIA:SANTUARIOS DEL GAUCHITO GIL EN ESPACIOS URBANOS DIFERENCIADOS. Iluminuras, Porto Alegre, v. 18, n. 45, p. 163-189, ago/dez, 2017. p. 170. ↩︎
- Galera, María Cecilia. Construcciones de memoria e identidad en religiosidades populares: reinvención del pasado y conformación identitaria en los discursos y prácticas religiosas de devotos del Gauchito Gil. VI Jornadas de Sociología de la UNLP. Universidad Nacional de La Plata. Facultad de Humanidades y Ciencias de la Educación. Departamento de Sociología, La Plata, 2010. p. 10. ↩︎
- CAROZZI, María Julia. Revisitando La Difunta Correa: nuevas perspectivas en el estudio de las canonizaciones populares en el Cono Sur de América. Revista de Investigaciones Folclóricas. Vol. 20: 13-21 (2005). p.15. ↩︎
- CAROZZI, María Julia. Revisitando La Difunta Correa: nuevas perspectivas en el estudio de las canonizaciones populares en el Cono Sur de América. Revista de Investigaciones Folclóricas. Vol. 20: 13-21 (2005). p.15. ↩︎
- Belinky, Alejandra. La Devoción al Gauchito Gil en Ciudad de Rosario y Gran Rosario. Un Análisis de los Aportes desde los Estudios Cuantitativos a una Perspectiva Cualitativa. Nuevos Problemas, Nuevos Desafíos Sociedad y Religión: Sociología, Antropología e Historia de la Religión en el Cono Sur, vol. XX, núm. 32-33, -, 2010, pp. 220-241. p. 221. ↩︎
- Barrios, C. (2016). Configuraciones de la nación argentina en la imagen del santo popular Gaucho Antonio Gil, Memoria Y Sociedad, p. 208. ↩︎